Na sociedade atual, nos últimos séculos, o homem coexiste com aquele que é conhecido como “seu melhor amigo”: o cão. É comum passear pelas ruas de qualquer cidade e encontrarmos uma matilha (muitas vezas, mais de uma) de cães de rua, que perambulam pelas ruas da cidade em busca de comida. Os cães da Rússia, em particular os de Moscou, não são exceção a essa regra, mas esses estes possuem certas particularidades que vamos conhecer agora.
É possível encontrá-los em qualquer lugar
Em artigos anteriores falamos que os eventos e atividades urbanas nesse país não são muito diferentes das que encontramos nos países latinos, por isso será bem fácil para uma pessoa jovem e com vontade de viver novas experiências adaptar-se a esta cultura e não encará-la como uma radical mudança de vida, o que implicará em superar certos temores e convertê-los em ótimas oportunidades.
Do mesmo modo como já mencionamos a princípio, será muito comum encontrar cães de rua em qualquer parte da cidade, principalmente nas construções e nos arredores de certas praças que costumam ser frequentadas por mulheres entre os 35 e 40 anos (são as preferidas por eles, pois sempre lhes dão algum lanchinho). Inclusive os podemos encontrar ao viajar no metrô de Moscou, como veremos mais adiante.
Se adaptaram ao modo de vida da cidade
Normalmente, como vimos no artigo anterior intitulado Um dia normal na Rússia, as ruas de Moscou são bem movimentadas, desde muito cedo até a noite, e inclusive existe muita vida noturna também, apesar de não ser a preferida por seus habitantes. No caso dos cães de rua de Moscou, eles aprenderam a se movimentarem em meio ao trânsito da cidade, cruzarem as ruas nos semáforos, esperando a sua vez, usarem a faixa de pedestre e respeitarem o espaço das pessoas, coexistindo com elas conforme o modo de vida desta metrópole.
Possuem um código de conduta próprio
Normalmente os cães vadios não têm “educação” e agem simplesmente por instinto, mas no caso dos cães vadios de Moscou, parece que eles evoluíram um pouco mais neste aspecto, eles seguem um código de conduta, normalmente escolhem um líder entre eles; que não é necessariamente o mais forte nem o mais selvagem, mas o mais inteligente, que pode criar melhores “estratégias” para conseguir comida. Eles preferem os cães pequenos e bonitinhos, aos quais as pessoas costumam dar mais comida por serem “encantadores e meigos”, usando essas qualidades em favor do grupo.
Eles aprenderam a usar o metrô
O Metrô de Moscou é considerado um dos locais turísticos mais importantes da Rússia, no artigo anterior intitulado Turismo na Rússia: 7 destinos turísticos que te encantará, mencionamos o metrô de Moscou por ser o segundo mais importante do mundo em termos percurso e quantidade de passageiros transportados diariamente. Ademais possui grande importância como património artístico da cidade, pois suas galerias embelezam a viagem dos passageiros, com famosas obras de arte que podem ser apreciadas gratuitamente, além de shows e apresentações do balé russo.
O mais surpreendente é o fato de o metrô não transportar apenas pessoas, mas também cães de rua, os quais aprenderam a reconhecer as estações pelo cheiro, pelos avisos sonoros dos alto-falantes ou a combinação de ambas as coisas. Em qualquer caso, eles aprenderam a identificar onde se deve descer para buscar a melhor comida.
A história de Malchik
Na estação de metrô denominada Mendelevyeskaya é possível observar a estátua de bronze de um cão. Se trata de Malchick, um cão de rua que viveu naquela estação durante 3 anos, até que foi cruelmente morto a facadas por uma jovem de 22 anos de idade. Este fato causou indignação entre os trabalhadores do metrô e ativistas pelos direitos dos animais, o que converteu Malchik, desde de 2007, em um ícone russo na luta contra a crueldade com os animais.
Também sabemos que Malchik era muito querido entre os trabalhadores do metrô, pois defendia a estação dos outros cães, bêbados e vagabundos, afugentando-os e impedimento que o local ficasse com um desagradável aspecto. A jovem que o matou, Yulia Romanova, foi entregue às autoridades e foi constatado que ela sofria de problemas psiquiátricos e também tinha um histórico de crueldade contra os animais. E essa é a impressionante história que transformou Malchik em um grande ícone em toda Rússia.
Ivan, o líder da matilha
Outra dessas histórias incríveis que conhecemos sobre os cães de rua na Rússia é a do pequeno Ivan, que aos 11 anos de idade fugiu de casa, cansado dos problemas constantes entre sua mãe alcoólatra e o seu namorado (que não era seu pai). Ao fugir para a rua em busca de abrigo, o encontrou precisamente em meio a uma matilha de cães vadios, que não apenas o adotou, mas também fez dele o seu “líder”, pois o pequeno Ivan pedia comida na rua e compartilhava com eles, em troca os cães davam proteção, calor e abrigo ao pequeno, coisas que nunca teve em sua casa materna.
Esta criança ficou tão ligada aos seus cães que era muito difícil separá-los. Quando as autoridades russas tentaram levar o garoto a um albergue, ele escapou, em 3 oportunidades, forçando as autoridades a bolarem truques e armadilhas para evitar o reencontro de Ivan com seus cães. Quando finalmente conseguiram colocar Ivan num orfanato e posteriormente o matricularem em uma escola, o pequeno constantemente manifestava saudades da sua vida ao lado dos cães e da segurança que estes lhes proporcionavam. Porque para Ivan esses cachorros eram mais que se tornaram mais que simples cães de rua vadios, os mesmos eram como sua família e assim o foram durante os dois anos que esteve vagando pelas ruas de Moscou.
O que você achou desse assunto? Crê que os cachorros de rua em Moscou são parte da sociedade moscovita?
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Imagem de Gustav’s via Flickr sob licença creative commons.